EUA sanciona presidente colombiano Petro, que responde: 'Nem um passo atrás'
Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (24) sanções financeiras contra o presidente colombiano, Gustavo Petro, por não combater o narcotráfico, e receberam uma forte resposta do mandatário, que prometeu que não dará "nem um passo atrás".
O Departamento do Tesouro americano também impôs sanções contra a esposa do presidente de esquerda e um de seus filhos, assim como contra o ministro do Interior, Armando Benedetti, seu braço direito.
A decisão ocorreu no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram o envio de um porta-aviões e sua frota acompanhante para se somar à força que já opera com o objetivo de "combater o narcoterrorismo" na América Latina.
É a primeira vez que um presidente da Colômbia, o país que mais produz cocaína no mundo, recebe uma sanção desse tipo.
"O presidente Petro permitiu que os cartéis de drogas prosperassem e se recusou a deter essa atividade", disse o secretário Scott Bessent em comunicado, acrescentando que Trump "está tomando medidas firmes para proteger" sua nação.
Petro reagiu imediatamente com palavras duras: "Lutar contra o narcotráfico durante décadas e com eficácia me traz esta medida do governo da sociedade que tanto ajudamos a conter seus consumos de cocaína", escreveu na rede X.
"Todo um paradoxo, mas nem um passo atrás e jamais de joelhos", acrescentou.
Petro sustenta que os assessores de Trump são próximos de narcotraficantes e afirma que os chefes do tráfico de cocaína vivem confortavelmente em cidades dos Estados Unidos como Miami.
O presidente colombiano também se opõe aos ataques de Washington contra supostas lanchas de narcotraficantes no Caribe e no Pacífico, que até o momento deixaram cerca de quarenta mortos.
- "Gringos, vão para casa" -
As medidas, publicadas pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac, na sigla em inglês), implicam o bloqueio de qualquer propriedade que os sancionados possuam nos Estados Unidos e proíbem que realizem transações internacionais com meios de pagamento localizados nesse país.
Sem apresentar provas, Trump acusou Petro de ser um "líder do narcotráfico" e anunciou o fim da ajuda econômica à Colômbia, em represália ao alto nível de produção de drogas no país sul-americano.
As sanções desta sexta-feira também envolvem a esposa do presidente, Verónica Alcocer, e seu filho mais velho, Nicolás Petro, que está sendo julgado por supostamente ter recebido cerca de 100 mil dólares para a campanha de seu pai em 2022 de um ex-narcotraficante condenado anteriormente à prisão nos Estados Unidos.
O primogênito do presidente afirma que o dinheiro não chegou às finanças da campanha.
Também foi sancionado Benedetti, o funcionário mais próximo de Petro e um de seus maiores aliados durante a corrida presidencial.
Benedetti, ex-embaixador na Venezuela e junto à FAO em Roma, referiu-se aos Estados Unidos como um "império" "injusto", cuja luta antidrogas é "uma farsa armamentista".
"Para os Estados Unidos, uma manifestação não violenta é o mesmo que ser narcotraficante. Gringos, vão para casa", acrescentou o ministro do Interior.
- Campanha de difamação -
Em sua juventude, Petro pertenceu à guerrilha urbana M-19, que depôs as armas em um processo de paz em 1990. Desde então, dedicou-se à política até se tornar o primeiro presidente de esquerda a chegar ao poder no país, com fortes discursos contra os Estados Unidos.
O embaixador da Colômbia em Washington, Daniel García-Peña, afirmou em entrevista à AFP nesta semana que há uma "grande distância" entre Petro e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, um conhecido inimigo da esquerda na América Latina.
Para o presidente colombiano, senadores republicanos próximos da direita colombiana, como Bernie Moreno, estão por trás de uma estratégia de difamação contra a Colômbia.
"De fato, a ameaça de Bernie Moreno se cumpriu", acrescentou Petro em sua resposta às sanções.
T.Ludwig--VZ