

Opositora promete seções eleitorais vazias e 'grande derrota' do governismo na Venezuela
A líder da oposição venezuelana María Corina Machado prometeu seções vazias e "uma grande derrota do regime" nas eleições legislativas e regionais de maio, às quais convocou um boicote, dez meses após a reeleição polêmica do presidente Nicolás Maduro.
As eleições de 25 de maio são "uma grande farsa que o regime quer montar para enterrar a sua derrota de 28 de julho", disse María Corina à AFP. "Vamos [...] ratificar essa derrota com total ausência, com total rechaço, deixando todos as seções eleitorais vazias."
A oposição segue proclamando a vitória do seu candidato, Edmundo González Urrutia, que vive no exílio. "O 25 de maio será uma grande derrota para o regime, porque ele vai estar absolutamente sozinho", afirmou María Corina, 57, em entrevista via Zoom. A opositora vive na clandestinidade desde agosto, e afirma que está "em isolamento absoluto".
- Oportunidade sem precedentes -
María Corina mencionou "fraturas no sistema" e ressaltou que nunca "houve uma oportunidade maior de conseguir uma transição para a democracia na Venezuela". "O regime de Maduro está em uma posição mais vulnerável."
"Os venezuelanos já votaram, em 28 de julho, e vamos fazer valer esse mandato. Vamos confirmá-lo não aceitando a farsa e a armadilha de 25 de maio", disse a opositora.
María Corina prevê "um enorme repúdio da sociedade venezuelana, e um ato de valentia e coragem de cada pessoa que não aceita ser obrigada a exercer um dos mais sagrados direitos que temos na democracia: o direito de eleger, de escolher, e não de marcar um papel ou apertar um botão".
O poder "esvazia completamente de sentido o voto como expressão da soberania popular", lamentou a opositora, que criticou a decisão de alguns opositores de participar da eleição.
O líder Henrique Capriles, que representou a oposição em duas eleições presidenciais, acredita que se deve participar "para defender" a vitória da oposição nas últimas eleições, e considera que a política de abstenção nas eleições de 2018 não teve sucesso.
María Corina mencionou que, para os opositores que participarem, "o regime oferece os meios da máquina de propaganda oficial, e o regime lhes cederá esses espaços. Você acha que uma pessoa que cumpre todas essas condições para que o regime lhe conceda espaço será uma voz em favor da liberdade ou uma voz subserviente ao regime?"
- 'Tirania' -
A opositora afirmou que Maduro "cometeu crimes contra a humanidade, por isso é necessário aplicar a justiça internacional". "Nada prejudica mais este povo do que ter uma tirania que persegue. A receita de Nicolás Maduro vai para a corrupção, a repressão e uma máquina de propaganda que busca semear o terror."
María Corina também considera que Maduro "se tornou um incômodo para aqueles que foram seus aliados". "Rússia, China, Irã, Síria, onde estão?"
"Não nos rendemos porque, isto sim, é até o fim", disse a opositora, repetindo o lema que se popularizou na última campanha eleitoral.
O.Hanisch--VZ