

Imigrante deportado por engano para El Salvador retorna aos EUA para ser processado
O imigrante salvadorenho Kilmar Ábrego García, cuja expulsão equivocada para o seu país gerou uma disputa entre o governo americano e o Judiciário, foi devolvido nesta sexta-feira (6) para os Estados Unidos, onde foi detido para ser processado por tráfico de pessoas, anunciou a procuradora-geral Pam Bondi.
O anúncio encerra quase três meses de disputa com os tribunais federais, incluindo a Suprema Corte, que ordenou ao governo americano "facilitar" o retorno do salvadorenho, que é casado com uma americana.
Segundo a procuradora-geral, o retorno do imigrante resultou de um mandado de prisão apresentado a autoridades salvadorenhas. "Somos gratos ao presidente [de El Salvador, Nayib] Bukele por concordar em devolvê-lo ao nosso país para enfrentar essas acusações gravíssimas", manifestou, em entrevista coletiva.
Bukele confirmou hoje que o governo americano lhe pediu a devolução de "um membro de gangue", ao se referir a García. "Trabalhamos com o governo Trump e, se solicitam o retorno de um integrante de gangue para que enfrente acusações, certamente não nos negaríamos", publicou no X.
"Não terá mais margaritas sob custódia", ironizou Bukele, ao lembrar a polêmica criada quando o governo permitiu ao congressista democrata Chris Van Hollen se reunir com García no restaurante de um hotel.
A porta-voz da Casa Branca Abigail Jackson afirmou que o retorno do imigrante não está relacionado com a sua deportação: "Não houve erro. Ele retorna porque uma nova investigação revelou crimes TÃO ATROZES cometidos nos Estados Unidos que apenas o sistema de justiça americano poderia responsabilizá-lo integralmente."
García, 29, vivia no estado americano de Maryland até se tornar um dos mais de 200 imigrantes enviados em março para uma prisão de El Salvador como parte da ofensiva de Trump contra a imigração ilegal. Até agora, o governo americano acusava García de integrar o grupo criminoso MS-13, o que a família do imigrante nega.
Os advogados do Departamento de Justiça reconheceram que o salvadorenho foi expulso devido a um "erro administrativo". Em 2019, um tribunal havia revogado definitivamente a possibilidade de expulsá-lo para El Salvador.
Pam Bondi afirmou que García, acusado por um grande júri do Tennessee, "teve um papel significativo em uma rede de tráfico de imigrantes". "Esse acusado traficou armas e narcóticos por todo o nosso país em diversas ocasiões."
A procuradora-geral também o vinculou a uma rede de tráfico de pessoas "responsável pela morte de mais de 50 imigrantes em 2021, depois que um trailer capotou no México".
- Devolvido -
"Ele será processado em nosso país [...] Se for condenado, será devolvido após cumprir sua pena", afimou Pam.
Em entrevista coletiva, o advogado do imigrante, Simon Sandoval-Moshenberg, criticou o governo: "O que aconteceu hoje é exatamente o contrário do devido processo, porque o devido processo significa a oportunidade de se defender antes de ser punido, e não depois."
O senador democrata Van Hollen afirmou que o governo terá agora que "apresentar seu caso perante os tribunais, como deveria ter feito desde o princípio".
Segundo a acusação formal, García esteve envolvido no tráfico de imigrantes sem documentos de Honduras, Guatemala, El Salvador e outros países para os Estados Unidos entre 2016 e o começo de 2025.
A secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, advertiu no X: "A Justiça aguarda esse salvadorenho."
O.Bauer--VZ